segunda-feira, 5 de abril de 2010
História de Amor na Galheta
Tu queres ouvir uma história de amor?
Numa ilha há muitos e muitos anos, vivia um povo ligado à Natureza. Falavam a língua dos animais, das pedras e dos vegetais e todos viviam em harmonia. As árvores e as pedras se ofereciam para construir as casas e utensílios domésticos. Todos eram e viviam muito coloridos e alegres, e tocavam música com instrumentos musicais de sons maravilhosos. Pintavam suas peles e cabelos com pigmentos obtidos das sementes das frutas e dos minerais da própria terra. Sempre havia festas em agradecimento à Natureza, que aconteciam numa praia de águas límpidas e cristalinas.
Quando havia temporais ficavam felizes porque o ar e a terra eram purificados.
Toda manhã nas areias daquela praia a Leste, cantavam, dançavam, se amavam, e comiam frutas e sementes para reverenciar e agradecer a Natureza.
Neste lugar havia um dragão. Ele era verde. Soltava fogo, que ajudava no aquecimento no inverno e para cozinhar os alimentos. Protegia e brincava com as crianças, que escorregavam nas suas costas, ou se agarravam em suas escamas. E também voava, o que a todos maravilhava.
Numa manhã, após um grande temporal, surgiu próximo à praia um objeto muito estranho. Seria outro dragão? Era um objeto enorme, feito de pedaços de galhos amarrados com cipó. Por isso deram o nome de Galheta àquele “barco” estranho.
Dentro dele havia outras pessoas, de pele branca e cabelos claros, diferente da cor da pele e dos cabelos das pessoas daquela ilha. E usavam roupas, que não conheciam. E falavam outra língua.
Vieram do céu? Vieram do mar? Vieram de onde? Que seria aquilo?
As pessoas da “galheta” gritavam e gesticulavam, e os nativos não compreendiam o que se passava.
Os velhos pediram silêncio e pelos gestos compreenderam que estavam perdidos. A tempestade os havia arrastado para aquele lugar e estavam encalhados, não podiam seguir viagem.
Imediatamente todos se mobilizaram. Cavalos, golfinhos, bois e cipós se ofereceram para ajudar. Chamaram a maré, as ondas do mar e o vento. A maré subiu e o vento provocou uma onda grande e suave para formar um buraco a fim de que o barco novamente pudesse flutuar.
As pessoas da “galheta” nunca haviam visto gente tão livre e tão feliz. Todos viviam nus, muito coloridos e só se protegiam do frio com o calor do fogo do dragão.
Junto ao barco ajudando estava um casal apaixonado, Íris e Arcon.
Quando o barco novamente flutuou, se deram conta que não dava mais pé. Arcon ficou preso à embarcação, enredado nos cipós que haviam usado para puxar com os bois e os cavalos.
O barco foi se afastando e só então Iris percebeu que Arcon estava com seus pés presos nos cipós e era arrastado pelo movimento do barco. Desesperada ela gritava para a “galheta” parar, mas os que estavam a bordo não compreenderam. Depois de muita luta, ele conseguiu se livrar, mas foi para o fundo do mar e o barco seguiu viagem. Os da praia não conheciam o fundo do mar e não sabiam como resgatar Arcon.
Todos choraram muito a separação dos dois amantes. As pessoas, as plantas, as árvores, os animais e as pedras. O céu chorou tanto que caiu uma enorme tempestade, a maior de todas. Das lágrimas do céu surgiu uma grande lagoa. A terra tremeu tanto de tristeza que houve um grande terremoto, surgindo então uma montanha entre o mar e a lagoa. Mas todos permaneceram na praia esperando Arcon, que não mais retornou.
Íris pediu aos peixes e às ondas que a levassem para se encontrar com Arcon. Foi levada e lá ficou. Os peixes e as gaivotas passaram então a levar alimentos para o casal.
A Natureza lhes fez então uma homenagem. As pedras à esquerda da praia da Galheta se transformaram e a partir de então se pode ver Arcon abraçando Íris, e quando a maré baixa pode-se ver os seus cabelos verdes. Sempre está ali um casal de gaivotas.
À direita, onde é a praia Mole, está o dragão, com a sua cabeça repousando no mar, na ponta do Gravatá, e sua cauda em direção à Lagoa da Conceição.
A partir de então, nas chuvas de tarde de verão pode-se ver o Arco-Íris brilhando no céu.
Assim Néria contou e Reynaldo transcreveu.
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Que linda história, mesmo que não tinha sido assim.
ResponderExcluirA história é linda e a praia também só que essa ai é Tambaba. Confirmem por favor. A de cima que é Galheta.
ResponderExcluirCaro Moacir,
ResponderExcluirVocê tem toda a razão. Na foto, a homenagem é à tambaba tão linda. Mas eu só tinha esta foto inédita, então, há de me perdoar...
Só Tambaba, que eu tenha visto neste brasilzão, tem estas falésias típicas tão lindas...
Abraço, naturalmente,
Mara