O Nu nunca sai da Moda

Amigas e Amigos Naturistas,
Este blog inaugura junto com o ano de 2010, fundado por mim, Mara Freire, secretária da AGAL, com a colaboração dos meus amigos, Affonso e Miriam Alles, presidente e vice-presidente da Associação dos Amigos da Praia da Galheta.
Nosso objetivo é divulgar, orientar e esclarecer.
As fotografias postadas são de autoria, em sua maioria, de Mara Freire e Miriam Alles, com alguns outros colaboradores. Os textos enviados, por expressarem a opinião pessoal de quem os enviou, serão publicados se forem coerentes e interessantes.
Visitem a Galheta, Cuidem da Galheta. Ela é linda, assim nua.

sábado, 10 de abril de 2010

A Primeira Nudez



Naquela manhã, refiz-me humana, renascida.
Reuniam-se em meu corpo a nudez festejada pela liberdade e o pudor recompensado.
A nudez vinha para mim associada aos sentimentos mais infantis, estar pura, sem pudores, despudorada, enfim, não precisava mais ser pejorativo. Estar nua era estar definitiva, como vim e como irei. Feita e desfeita do início.
Estar de roupa, ao contrário, sempre me parecera perfeito artíficie de sedução, pernas a mostrar quando se as cruza, um decote, colo bronzeado, curvas se insinuando por baixo da roupa. Tudo que se insinua não é , de fato. Finalmente, eu era. Ser sem nada, ser sem rótulos, a roupa, grande rótulo do humano. O homem faz –se humano quando nasce, e é sem roupas. Todo animal de roupa não passa de um ridículo. A roupa passa, então, a ser a simulação do que não somos. Nossas aspirações, desejos e frustrações. Nem por isso é má, e justamente por isso se faz boa. A roupa nos permite a paz de não mostrar. Mostrar é o conflito, é o enfrentamento, fim do adiamento. A nudez é como a luz que mostra. E a luz que tudo mostra é benigna, a luz fotográfica revela as imagens, nos deixa ver sem enganos. A roupa passa a ser nosso divã, cama de deitar e pedir para que as coisas sejam de outra forma. A fantasia de disfarçar tudo o que negamos e ressaltar tudo que mais amamos. Curvas, gorduras, contornos, barrigas, peles, tudo se esconde por baixo das roupas.
Mas na manhã em que tirei a roupa, não houve mais pudor, nem conflito, nem máscara, éramos eu e o sol, nenhum dizia ao outro o que fazer, estávamos na mesma condição, ao natural. A água fria e o sol quente davam a sensação da nudez da primeira vez (porque nudez não mais social, nudez pública reprovável, nudez assumida) uma idéia de que poderia andar nua para sempre, e em todo lugar. Que a roupa, como a casa e a árvore, só serviriam mais para me abrigar.
Galheta, aquela que contém, desfila seus ventos por meu corpo desde os primeiros sóis de primavera, até os últimos do inverno. E nos dias bravos, de humor absurdamente frios, esquentam meu casaco até que ele mesmo deseje sair.
O vento nos pêlos, o vento na barriga, o sol na cara, que criança sempre me sentirei nua...

Em cada um dos dois extremos, um quase istmo. Urubus de polegar opositor sobrevoando a pureza.

Um comentário:

  1. Olha, há quem faça poesia colocando versos sobre versos, e há quem, como a Mara, não lhes dê tréguas, colocando-os uns em cima dos outros. Emoções em turbilhão. Acho que basta ler o texto para saber o que significa ser nudista, naturista, sei lá, chamem como quiserem.

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